INTERNACIONAL: Venezuela trava batalha diplomática na OEA contra ingerência do império e das oligarquias
Em sua campanha para as eleições legislativas de dezembro de 2015, a oposição venezuelana alardeou que com sua vitória se abririam os caminhos para resolver os graves problemas econômicos e sociais que o país atravessava e atravessa. Com essa promessa e contando com o ‘voto castigo’ conquistou a maioria qualificada no Parlamento.
E qual foi a primeira manifestação de Henry Ramos Allup assim que foi eleito para a presidência da Assembleia Nacional? Que o objetivo central e primordial era a derrocada do governo Maduro em menos de seis meses. Ajudar a encaminhar soluções para diminuir a crise? Que nada! A oposição partiu para projetos de encurtar o mandato de Maduro, pressionar pela renúncia, agravar a crise a fim de criar a desestabilização, o caos, provocar uma fratura nas forças armadas, incitar a intervenção externa, todas elas medidas inconstitucionais que foram aqui e ali rechaçadas pelo Supremo Tribunal de Justiça. Uma medida, prevista na constituição – o referendo revogatório – que poderia ser acionado já a partir de 7 de janeiro, só agora é fortemente invocado como uma evidente tática para acobertar o golpe de Estado.
A Venezuela acaba de travar uma dura e vitoriosa batalha diplomática na sessão do Conselho Permanente da OEA contra o plano ingerencista do império e das oligarquias. Fez também valer o princípio de não intervenção nos assuntos internos dos Estados e o direito deles de escolher seu sistema político, econômico e social.
Não foi surpresa- uma vez que há tempos vem manifestando seu ódio à Venezuela bolivariana – a maneira histérica, torpe e pouco ética com que o secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, tenta resolutamente servir a obscuros interesses. Almagro trata agora de aplicar a Carta Democrática Interamericana dirigido supostamente a lidar contra as rupturas ou alterações graves da ordem constitucional, que não foi invocada quando do escancarado golpe militar de 2002 contra o presidente Hugo Chávez nem para condenar os golpes e as tentativas de golpes de Estado que estremeceram a região nos últimos quinze anos.
Sem mandato dos Estados membros, atribuindo-se prerrogativas que não tem, com ajuda da oposição golpista venezuelana e outros personagens reacionários mundo afora, escreveu um distorcido e calunioso informe, que, maliciosamente, tornou público.
Tudo parecia ser um passeio triunfal – e a mídia brasileira já trombeteava o desfecho – contudo Almagro, e seus truculentos mentores esqueceram-se que não se vive mais os tempos da guerra-fria quando uma vergonhosa cumplicidade, em 1962, julgou, condenou e expulsou Cuba da OEA.
O que ocorreu agora em Washington é outra evidência que a América Latina mudou, embora a OEA continue sendo um instrumento de dominação sobre os nossos povos, o Ministío das Colônias como Fidel chegou a cognominá-la.
O organismo interamericano, depois de várias horas de acalorados debates aprovou por consenso uma declaração em que dá seu apoio na busca de soluções por meio do diálogo aberto entre o governo Maduro, outras autoridades constitucionais, como o Conselho Nacional Eleitoral, e todos os atores políticos e sociais com o fim de preservar a paz e a segurança da Venezuela e com pleno respeito a sua soberania. Ou seja, que se reconheça e respeite o legítimo presidente da Venezuela, que se respeite o CNE, o Supremo Tribunal e a Força Armada Bolivariana, que se reconheça e respeite a Assembleia Nacional e que o caminho é o diálogo e jamais o golpe.
E o mais importante: o Conselho Permanente respaldou a iniciativa dos ex-presidentes José Luiz Rodriguez Zapatero da Espanha; Leonel Fernandez da República Dominicana; Martin Torrijos do Panamá, nenhum deles bolivarianos, para a reabertura de um diálogo efetivo entre governo e oposição com o fim de encontrar alternativas para favorecer a estabilidade política, o desenvolvimento social e a recuperação econômica da Venezuela. Nada de desestabilização, de sabotagem econômica, de violência, de violação de direitos humanos, de golpe ainda que travestido de referendo revogatório.
E querem saber os leitores quem gostou e quem não gostou dessa história toda? Com a palavra, o presidente da Assembleia Nacional, Ramos Allup, um dos principais líderes do golpe.
Vejam isso: Ramos Allup atacou a posição da Argentina na sessão da OEA em que se discutia a ativação da Carta Democrática Interamericana contra a Venezuela.
“Dá pena a posição da Argentina na sessão da OEA. Acreditávamos noutra coisa depois de tantas declarações sobre a Vwenezuela de Maurício Macri assim que foi eleito” asseverou por meio de sua conta em Twitter. “Cristina Kirchner pelo menos não era hipócrita, de modo que tendo a Argentina apoiado a conciliação na Venezuela, nós, os opositores de Nicolás Maduro, diante desta guinada, doravante escreveremos ‘micro’ em vez de ‘Macri’”.
Estão furiosos.
* Max Altman é jornalista - Fonte: Opera Mundi
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