(BBC, 29) Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin, se reuniram no âmbito da Assembleia Geral da ONU em Nova York, depois de seus respectivos discursos em que expuseram seus diferentes pontos de vista sobre como lidar com a crise síria.
1. O papel de Bashar al-Assad. A primeira dessas diferenças têm a ver com Bashar al-Assad, um aliado histórico de Moscou, que a Rússia vê como parte da solução e os EUA como parte do problema. Washington está convencido de que o autoritarismo do presidente sírio é uma das principais fontes de instabilidade no país, pois proporciona um terreno fértil para os fundamentalistas islâmicos.
2. A quem apoiar militarmente. A diferença de posições a respeito de Al-Assad tem levado a Rússia de Putin a apoiar diretamente as forças do governo. Enquanto isso, além de participar dos bombardeios contra o Estado Islâmico, o governo de Washington tem se dedicado a apoiar os opositores mais moderados do governo de Damasco.
3. Diferentes aliados regionais. Além disso, não é somente na Síria que os Estados Unidos e a Rússia escolheram diferentes aliados. Em sua campanha de bombardeios contra o Estado islâmico, os EUA contou desde o início com o apoio da Arábia Saudita, que compartilha com a Casa Branca o objetivo de derrubar Bashar al-Assad. A Rússia, por sua vez, surpreendeu a todos ao anunciar no domingo um acordo para compartilhar inteligência sobre o Estado Islâmico com o Iraque e com o Irã, aliado do governo de Damasco.
4. Protagonismo incômodo versus protagonismo buscado. A maior diferença entre Putin e Obama em relação à Síria, no entanto, provavelmente tem a ver com a forma como eles entendem o seu papel no conflito. Os Estados Unidos parece ter sido arrastado para ele um pouco contra a sua vontade. E Obama sabe que um maior envolvimento na guerra na Síria pode acabar enfraquecendo-o internamente. Putin, por outro lado, não tem esse problema: ao contrário, a situação reforça a sua imagem de líder capaz de devolver à Rússia o protagonismo internacional perdido após a queda da União Soviética. E esse protagonismo pode também dar a receita para além do nível local, permitindo não só manter parte da sua influência no Oriente Médio, mas também ajudando a reparar uma imagem danificada pela intervenção russa na Ucrânia e na anexação da Crimeia.
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