A equipe do SporTV conseguiu cumprir a difícil tarefa de entrar na Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo. Durante a primeira parte do especial "Coreia do Norte, a última fronteira do esporte", uma apresentação deste país isolado do ocidente desde a desocupação japonesa, em 1945, e altamente militarista, mas que tenta através do esporte mostrar uma imagem mais amistosa.
Governado atualmente por Kim Jong-Un, a Coreia do Norte segue a sua doutrina marxista. Um país acusado de violações aos direitos humanos e onde não há liberdade de expressão para os seus habitantes. Mesmo com todas essas dificuldades, incluindo um embargo econômico decretado pelas potências ocidentais, os norte-coreanos pretendem atrair mais visitantes estrangeiros.
Segundo as estatísticas oficiais, a Coreia do Norte recebe 100 mil turistas estrangeiros por ano. A esmagadora maioria da China, maior parceiro do país. Os visitantes ocidentais não passam dos cinco mil, porém este é um número cinco vezes maior do que era há 10 anos. Algo que já está mudando a forma como os norte-coreanos lidam com quem vem de fora, segundo informou a guia de viagens Andrea Lee.
- As pessoas estão mais acostumadas a ver estrangeiros, estão mais abertas. Acho que como turista, é um lugar melhor para se visitar do que há 11 anos. Há mais lugares que os turistas podem visitar - disse a guia, que também explicou o motivo de ainda muitos norte-coreanos não gostarem de ser fotografados ou filmados.
- Esse é um dos mal-entendidos. Muitos acham que nossos guias são quem dizem para você não tirar fotos, mas em geral são as pessoas locais que preferem não ser fotografadas. É uma falta de confiança cultural em jornalistas, porque já tiveram experiências ruins. Então é comum as pessoas não gostarem de ser fotografadas - continuou a guia.
Em 2009 o Brasil instalou uma embaixada em Pyongyang, a capital da Coreia do Norte. O ato foi mais uma das tentativas do país asiático mostrar uma faceta mais amistosa. O embaixador Roberto Colin revelou que a intenção dos norte-coreanos é fazer um estreitamento de relações com os brasileiros através do esporte, principalmente do futebol.
- Eles gostariam de cooperar com o Brasil na área de futebol. Jovens talentos para fazer cursos de capacitação no Brasil e receber um técnico brasileiro. Eles enviaram para a Itália e para a Espanha, mas o líder (Kim Jong-Un) gostaria de mandar jovens também para o Brasil - disse Colin.
Segundo o embaixador brasileiro, o fato de Kim Jon-Un ser um líder jovem impulsionou essa tendência para a diplomacia esportiva.
- Percebi que a partir do momento que ele assumiu o poder, usou a própia juventude para mudar de alguma maneira a imagem que a Coreia tem no mundo. Mostrar um país onde as pessoas tem uma vida saudável e praticam esporte. O esporte é uma janela para interagir com o mundo - afirmou.
Uma dessas interações ocorreu durante um festival de luta pro-wrestling, promovido por um político japonês. O Japão inclusive é, ao lado dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, um dos países considerados inimigos da Coreia do Norte. O lutador norte-americano Bob Sapp garantiu que agora tem uma imagem mais positiva do fechado país.
- Eu sou dos Estados Unidos, portanto ignorante em relação à Coreia do Norte. Estava pensando em encontrar um lugar triste, frio, onde o sol não brilha, lugares pequenos e sujos. Mas assim que saí do avião, encontrei ar fresco, tudo é limpo, tudo é verde, todo mundo está sorrindo e está um dia lindo. Mudou totalmente a minha visão - disse Sapp.
Na segunda parte do documentário, que vai ao ar nesta sexta-feira, às 23h30, a equipe do SporTV vai ao interior do país. Entre as visitas estarão uma parada em uma das estações de esqui mais exóticas do mundo, a praia onde uma faixa de areia é reservada aos visitantes estrangeiros, e o acampamento onde crianças aprendem desde cedo a marchar e a cantar músicas venerando os seus líderes. De volta a Pyongyang, o treino de atletas que poderão estar na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e uma visita ao lugar mais tenso da península coreana, que é a fronteira entre os vizinhos do Norte e do Sul.
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